A inatividade física é reconhecidamente um dos importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares (DCV). O estilo de vida sedentário, assim como o tabagismo, a hipertensão arterial e a dislipidemia compõem os fatores de risco, passíveis de serem modificados, para um conjunto de doenças crônico-degenerativas consideradas o principal problema de saúde dos tempos atuais.

A ideia da relação entre atividade física e saúde não é recente: já era mencionada na cultura Chinesa, no Ayur-veddic da Índia e nos textos gregos e romanos. Entretanto, somente nos últimos 30 – 40 anos, através de estudos experimentais e clínicos com melhor abordagem epidemiológica, pôde-se confirmar que o baixo nível de atividade física é um fator importante no desenvolvimento de doenças degenerativas, como o diabetes mellitus não insulino dependente, hipertensão, doença coronariana e osteoporose. Altos índices de morte provenientes de todas as causas são notados em grupos de pessoas sedentárias, que também tendem a demonstrar maior prevalência de certos tipos de câncer, como os de cólon e de mama. Inversamente, atividade física pode reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e poderia ser um fator chave para aumentar a longevidade.

Algumas descobertas recentes têm demonstrado que estes benefícios podem ser também sentidos entre os indivíduos inicialmente sedentários ou incapacitados que se tornaram mais ativos. Estudos indicam uma influência positiva da atividade física no controle do peso corporal e melhora da distribuição da gordura corporal; mantendo uma vida independente e reduzindo o risco de quedas entre os idosos; melhorando o estado de humor; aliviando os sintomas de depressão e ansiedade; e elevando os padrões de saúde relacionados à qualidade devida. Empresas que adotaram programas de atividade física no local de trabalho para seus funcionários mostraram uma redução na ausência ao trabalho, redução nos custos médicos, aumento na produção e melhoria em seus lucros.

Evidências científicas têm reforçado que um estilo de vida ativo na fase escolar pode trazer vários benefícios; entre eles melhor rendimento acadêmico, aumento na freqüência às aulas, diminuição de comportamentos inadequados, melhora do relacionamento com os pais, aumento da responsabilidade, bem como melhora no nível de aptidão física geral

Recentemente, estudiosos perceberam que a associação de atividade física e saúde não necessita de horas e horas de exercícios intensos. Pequenas sessões de 30 minutos por dia, na maior parte dos dias da semana, desenvolvidas continuamente ou mesmo em períodos cumulativos de 10 – 15 minutos, em intensidade moderada, podem representar o limiar para a população em geral adquirir o “Passaporte para a Saúde”. Para marcar este gol, cientistas do esporte e autoridades em saúde, sugerem que todos deveriam se envolver em atividades físicas no seu dia-a-dia em casa, no trabalho ou na sua comunidade. Nessas “aulas de treinamento” pode-se incluir subidas e descidas de escadas, passeios com o cachorro, jardinagem, lavagem de carros, caminhadas em ritmo ligeiro, danças, pedalar ou nadar.

Estas novas recomendações são confirmadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Conselho Internacional de Ciências do Esporte e Educação Física (ICSSPE), Centro do Controle e Prevenção de Doença-USA (CDC), Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM), Federação Internacional de Medicina Esportiva e Associação Americana de Cardiologia (AHA), entre outros. Essa nova mensagem tem recebido apoio de importantes congressos e tem sido adotada por programas nacionais em diferentes países. O incremento da atividade física é o foco principal dessas campanhas nacionais, como o Active Living no Canadá, Healthy People 2000 nos EUA, Active for Life na Inglaterra e outros que beneficiarão amplos segmentos da população nos próximos anos.

Infelizmente, este tipo de iniciativa raramente tem sido adotada por países em desenvolvimento, onde muitas pessoas se encontram em um alto nível de sedentarismo, em particular nos segmentos de menor nível educacional, baixo nível sócio-econômico e grupos subnutridos.

Dados do IBGE indicam que 19,2% dos adultos brasileiros são pouco ativos (uma vez por semana) e somente 7,9% têm atividade física regular três vezes por semana. Também segundo o IBGE, a prática regular de exercício físico pode ser considerada um dos indicadores positivos do estado de saúde, mas raramente esta informação é utilizada na avaliação da saúde da população. Po isso, os pesquisadores do instituto incluíram este quesito na Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV). Os resultados não são nada animadores e mostram que mais de 80% de nossa população adulta são totalmente sedentários (nos EUA, este índice é de 25%).

Vale ressaltar que o aumento da atividade física reduz o risco de doença arterial coronária em um terço, pela melhora da capacidade cardiorespiratória e por ação favorável sobre os fatores de risco, tolerância à glicose, obesidade, níveis do estresse e sensibilidade do miocárdio às catecolaminas.

 Fonte : Sociedade Brasileira de Cardiologia

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