A princípio, aquelas veias dilatadas, de aspecto tortuoso, cor azulada e que ficam bem visíveis na batata da perna podem representar somente um problema estético. Nesses casos, por mais que o indivíduo tenha varizes espalhadas por toda a região dos membros inferiores, não há a manifestação de sintomas como dor, queimação ou ardência, principalmente quando se fica muito tempo em pé. Por outro lado, há quem possua varizes minúsculas, nem tão visíveis, mas que provocam um desconforto tremendo que só melhora quando as pernas ficam de repouso para cima.

As varizes nada mais são do que veias dilatadas, que podem ser de pequeno, médio ou grande calibre. As veias das pernas possuem válvulas que se abrem e se fecham para que o sangue que chega na região dos membros inferiores consiga retornar até o coração. Entretanto, seja por predisposição genética, gravidez, idade, obesidade ou uso de pílula anticoncepcional, as válvulas passam a funcionar de maneira ineficiente e o sangue fica parado dentro das veias. Resultado: veias dilatadas devido à pressão.

O problema acomete quase 40% da população brasileira, sendo encontrada em 30% dos homens e em 45% das mulheres. Mas quando elas passam a ser preocupantes além da estética?

Segundo o médico Pedro Pablo Komlós, presidente da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular), deve-se ter mais atenção quando as veias apresentam um aspecto muito inchado e os sintomas prejudicam a qualidade de vida do paciente. “Independentemente de ser ou não um problema estético, o tratamento precoce deve começar o quanto antes, porque varizes podem levar a quadros de complicações. Um dos sintomas iniciais é a sensação de cansaço nas pernas. Além disso, pode haver a formação de edemas, pois o sangue não consegue retornar. Os eczemas também são uma das complicações, quando a pele fica vermelha, escamosa e coçando”.

As varizes, infelizmente, têm origem genética e grande influência hormonal. O Dr. Calógero Presti, professor da Faculdade de Medicina da USP e autor do guia “Varizes: o que você deve saber”, conta que quando a mulher toma pílula anticoncepcional, ela está induzindo o organismo a uma “falsa gestação”. “Do ponto de vista hormonal, é como se estivesse grávida. Por isso, é importante ficar atenta, pois mulheres que usam hormônios femininos por tempo prolongado têm grande chance de desenvolver varizes no futuro”.

Devo operar?

varizes1A cirurgia basicamente fecha os pontos de refluxo e retira apenas as veias superficiais dilatadas. Gustavo Telles, cirurgião vascular do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que existem três indicações para o procedimento: 1) estética, para resolver o problema e prevenir a piora do quadro; 2) funcional, quando as veias estão muito dilatadas e o paciente apresenta sintomas e 3) nos casos de urgência, caracterizados quando o paciente apresenta flebite (inflamação) da safena magna na coxa e com progressão para a crossa da safena (região da virilha), levando ao risco de embolia pulmonar.

“Antes de operarmos, devemos nos perguntar se a cirurgia vai trazer beneficio estético e/ou funcional ao paciente. Caso contrário, é preferível indicar o uso de meias elásticas a colocarmos o paciente numa mesa cirúrgica”, sugere Telles.

Segundo a classificação clínica para as doenças venosas crônicas (CEAP), são indicados para tratamento cirúrgico os portadores de varizes de CEAP 2, 3, 4 e 5. O nível 2 corresponde a varizes com mais de 4 milímetros de diâmetro. No nível 3 junta-se esse fator mais edemas. No nível 4 há pigmentação e eczema. No último nível, 5, há presença de úlcera.

É importante destacar que o tratamento vai depender da progressão da doença. Se, por exemplo, os sintomas ainda não existem, mas há predisposição familiar, é importante se prevenir fazendo exercícios físicos diários que mexam as pernas, como caminhadas de pelo menos 30 minutos. Meias elásticas também são indicadas (mas devem ser prescritas por especialistas), pois como as veias ficam apertadas, as válvulas passam a bombear melhor o sangue.

A esteticista Ilka Ferreira dos Santos, 58 anos, vem de uma família em que a maioria das mulheres e também seu pai tinham problema com varizes. Desde muito jovem, com as veias inchadas, ela sofria com a sensação de peso e queimação quando ficava muito tempo de pé. Então, aos 28 anos fez a primeira cirurgia — em ambas as pernas –, que ajudou a solucionar o problema.

Em 2011, precisou novamente fazer o procedimento cirúrgico e retirou a veia safena, por conta da grande dilatação. Além disso, o fluxo sanguíneo da perna direita estava 70% comprometido, o que intensificava ainda mais as dores. “Melhorou bastante, eu não sinto mais o desconforto. Tenho somente que usar as meias elásticas diariamente, porque com esse calor parece que as pernas ficam mais pesadas. Nos finais de semana eu pedalo uns 14km, e isso me ajuda bastante”, relata.

Vasinhos são varizes?

Já os “microvasinhos” (telangiectasias), presente em oito de cada 10 mulheres, são vasos de fino calibre, superficiais, intradérmicos e dilatados, que podem ser eliminados com sessões de escleroterapia. O tratamento consiste em injetar líquidos, em geral uma solução viscosa de glicose a 75%, que oblitera os vasinhos, fazendo-os sumir. Esses vasos de pequeno calibre são considerados os estágios iniciais da disfunção venosa e servem como sinal de alerta.

“Nestes casos, utilizamos essas injeções que servem para secá-las. Para as mais grossas, que fazem saliência na pele, é necessário intervenção cirúrgica”, explica Komlós.

Fonte: Dr. Drauzio Varella

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