É comum relevar alguns hábitos e vontades das crianças, afinal, elas têm toda uma vida de cobranças pela frente, não é? Quando o assunto é saúde, no entanto, controlar a alimentação, promover a prática de exercícios e estimular uma rotina saudável é o ideal. Sem isso, doenças tipicamente ligadas ao universo adulto invadem a vida dos pequenos. Quer saber como driblar algumas delas?
OBESIDADE INFANTIL
A OBESIDADE É CONHECIDA COMO A DOENÇA DO SÉCULO. Atualmente, vivemos uma epidemia mundial que não escolhe idade e nem classe social. Além da alimentação errada, a genética pode ser uma das responsáveis pelo ganho de peso em demasia de uma criança.
“A CAUSA BÁSICA É O FATOR ALIMENTAR. São muitos sanduíches, excesso de carboidrato e gorduras e também a falta de exercícios”, explica MÁRIO NOVAIS, pediatra, diretor do hospital Daniel Lipp e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Os diagnósticos são bastante preocupantes por conta do futuro das crianças, já que A OBESIDADE É A PORTA DE ENTRADA PARA OUTRAS DOENÇAS SÉRIAS, como a diabetes. “As escolas com cardápios mais saudáveis cooperam contra a patologia”, fala THIAGO GARA, pediatra do Hospital e Maternidade São Luiz Anália Franco.
Além disso, a obesidade infantil pode também magnetizar o bulling. “As consequências psicológicas podem ser desastrosas no desenvolvimento da personalidade do futuro adulto”, comenta Novais.
De acordo com o médico, nestes casos, o mais difícil é mudar os hábitos alimentares que, na maioria das vezes, são realizados por toda a família. “O primeiro passo é procurar ajuda médica. ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL E EXERCÍCIOS SÃO OS ÚNICOS TRATAMENTOS. NADA DE REMÉDIOS PARA TIRAR O APETITE”, afirma Novais.
DIABETES
A diabetes é uma doença metabólica, frequentemente relacionada a questões genéticas. Porém, A OBESIDADE INFANTIL está estreitamente ligada ao aparecimento da doença, não só nas crianças.
Em geral, os pequenos são acometidos pelo tipo um da diabetes. Isso faz com que eles se tornem dependentes de doses diárias de insulina para o resto da vida. Isso acontece porque o organismo não consegue produzir a substância (que é um hormônio) de forma suficiente para o processamento da quantidade açúcar (glicose) presente no sangue. Por isso as taxas de glicose ficam altas.
“O TRATAMENTO da diabetes tipo um É FEITO COM INSULINA para o resto da vida. É fundamental que a criança seja acompanhada médica e psicologicamente por uma equipe de saúde multiprofissional”, indica Novais.
Inserir as doses de insulina na rotina das crianças diabéticas não é algo fácil. “Não é só aplicar a insulina, É UMA NOVA DINÂMICA FAMILIAR. Não é simples, mas elas se adaptam muito bem. É realizado um treinamento para a família toda”, conta Gara.
Embora o tipo um seja o mais comum, por conta do crescente número de crianças obesas, a incidência do tipo dois – normalmente, mais comum em adultos – tem crescido consideravelmente. Se a criança urina muito, tem muita sede, emagrece rapidamente e apresenta alguns desmaios, é preciso ficar atento.
De acordo com Gara, o número de crianças com diagnosticadas com diabetes não é tão grande. “Porém, são casos complicados que requerem atenção”, alerta.
COLESTEROL E HIPERTENSÃO
O colesterol é essencial para o funcionamento das células, mas seu excesso pode aumentar os riscos de doenças cardíacas. Medir o colesterol nas crianças não era uma prática comum na pediatria há alguns anos atrás. “Crianças com essa patologia PODEM SE MOSTRAR MAIS CANSADAS, sentirem dores no peito e terem mais chances de DESENVOLVER HIPERTENSÃO ARTERIAL”, fala Novais.
A indicação de uma ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL e com menos sal E A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS também vale para os casos de criança com colesterol alto. “Podemos incluir a diminuição das carnes vermelhas gordurosas, derivados do leite, sorvetes e frituras. Devem fazer parte o azeite de oliva, cereais, leite desnatado, frutas, verduras e legumes”, completa.
O médico também comenta que só há 20 anos a hipertensão arterial foi considerada como uma doença que pudesse acometer as crianças. Ou seja, agora, medir a pressão faz parte da rotina pediátrica. “Provavelmente, muitos casos simplesmente não eram diagnosticados”, comenta Novais.
Crianças com pressão alta podem apresentar o problema por algumas causas como doenças renais, por exemplo. “Porém, também podem já traduzir um início precoce da hipertensão arterial essencial observada nos adultos” afirma.
O excesso de sal na alimentação também contribui muito para o aumento da pressão arterial dos pequenos. “O ACOMPANHAMENTO MÉDICO DEVE SER RIGOROSO, TENDO, MUITAS VEZES, A NECESSIDADE DE MEDICAMENTOS”, completa o profissional.
CÁLCULOS RENAIS
Muitas vezes, tanto pais como pediatras deixam as pedras nos rins passar despercebidas. “Cálculos renais na infância são MAIS FREQUENTES DO QUE SE IMAGINA”, alerta Novais.
Novamente, crianças e adolescentes obesos estão MAIS PROPENSOS A DESENVOLVER CÁLCULOS RENAIS. O excesso de alimentos muito salgados, a pouca ingestão de água e as dietas ricas em proteínas podem provocar o surgimento dos cálculos.
Se os adultos já sofrem bastante com as dores renais, nas crianças, elas podem ser quase que insuportáveis. “Casos agudos e resistentes ao tratamento da dor com medicamentos são tratados com laser, por meio de endoscopias urinarias”, afirma.
